quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Álcool.
Esse que detestava agora é um grande amigo meu. Tornou-me algumas coisas fáceis.
Mantinha-me calmo e sem dizer uma palavra.
Tive duas fases na vida: a do certinha e a do não querer saber de nada...
Estava obviamente na última fase.
Certinho.
O mais beto, mais “riquinho” que possas imaginar, o mais humilde o mais menino e acima de tudo o mais feliz.
Tudo era sonhar acordado, até me aperceber que tu te tinhas atravessado na minha vida. Vida. Não sei dela, confesso aos meus botões que para mim és tu que a tens...
Por vezes penso que foi o peso de ter comigo, a responsabilidade que iria carregar que me deixou como ando. Não estou com isto a dizer que a culpa é tua ou algo semelhante apenas que o que outrora o meu corpo/coração carregou não chegou para alguém como tu.
Não.
Não te vou descrever porque já o fiz outrora e se era suposto mudar ou intensificar algo não resultou e hoje resultaria muito menos porque não estou virado para aí.
Sinceramente não me perguntes como ando porque não sei o que responder e se insistirem muito direi que está tudo bem.
Prefiro assim, resposta fácil e ninguém te faz mais perguntas e caso façam é de certeza sobre algo sem ser eu. Aprende.
E quando as ovelhas ficaram todas tosquiadas procurei-te por todo o lado... Encontrei-te? Ou perdi-te?
Agora sou um homem sem aspecto para ti que observa casais e bandas em busca de fantasmas do passado... Já te encontrei??
Álcool.
Encontrei-o por acaso. Agora vou eu e ele ver a vergonha da noite onde fui mais intensamente feliz. Fomos donos da noite. Das nossas noites.
Agora observo o que casais, solteiras, solteiros e até mesmo burros porque eles aparecem por todos os lados...
Não faço figuras tristes porque não chego ao ponto que cheguei em tempos de angustia, de choro e revolta. Comporto-me bem mas com álcool.
Sento-me no melhor lugar da casa e exijo não ter companhias. Viro egoísta de noite.
Olha, olha mais um perdidinho, isso paga-lhe uma, duas bebidas que mais logo quando quiseres e o teu estalo for ainda maior ela desembarca e tu andas a pedir dinheiro aos teus amigos para mais uma bebida com saber a derrota. Fácil. Caíste que nem um pato, ela vem dançar bem junto a ti e tu julgaste o maior. És o maior otário da pista esta noite... Nem quero ver mais...
Viro o jogo.
Crime. Alerta Crime. Se o meu corpo me deixasse ia ao pé de ti e dava-te um par de estalos, arregalava-te os olhos e chamava-te burro, otário, estúpido, pessoa vendada.
Esquece. Não és nada disso. És bem mais e por isso nem existe vocabulário para ti seu monte de merda andante. Esqueçam os palavrões, foi um erro meu.
Abre os olhos e percebe que essa mulher, essa mulher que é uma senhora merece bem mais do que uma noite numa discoteca onde existem mãos traiçoeiras e olhares fixantes que podem terminar de punho fechado.
Percebe que isto, este local, estes cheiros não é para pessoas como ela, é para gente como eu. Gente que quer lá saber se tu ou mais mil pessoas me tomam por bêbado, sem escrúpulos ou o mais derrotista da geração de 90? Mas que raio te importa a ti se faço isto ou aquilo? Diz-me? Que te interessa? Não chega a tua vida? A tua felicidade? Então para quê o desejo da minha infelicidade? Não me importa em nada, o que passas agora eu já passei e verifico q os erros eu já passei e verifico que os erros que cada um de nós comete são exemplos somente para os mais perspicazes e inteligentes e para os que ligaram ao que lhes disse...
Tu és apenas mais um errante (bem-vindo antes de mais), mais um.
Eu sei que agora eu é que sou tolo e que não faz a mínima ideia do que está a dizer. Tolo.
Sempre tive um pouco disso comigo é uma verdade. E também nunca o escondi. Acredito que é um tolice que se torna doce com o tempo.
Chama-me o que quiseres que de nenhuma forma te darei conversa porque sei de que lado está a razão...
Sai daqui. Desampara a loja. Desampara a loja e leva-a contigo antes que te percas sem necessidade.
Percebe que mulheres como a tua não precisam de viver estes lugares, pelo menos vive-lo contigo...
Merecem castelos, viagens, ilhas, aventuras, romance, paixão, exclusividade, bons pormenores, paciência, alegria, sorrisos, viver, aprender e de amor.
Amor sempre. Não. De sonho não. Basta que ache muito bonito. Basta isso. E irás perceber o que te quero dizer.
A tua mulher não precisa de luzes rítmicas, de barulho, de shot's nem de danças bem juntinho a centenas de pessoas com o cheiro a suor á mistura...
Precisa de ti, de tranquilidade, de um abraço e de silêncio. Precisa de andar de mão dada na praia vazia enquanto chove sem sentir frio porque o teu simples gesto a aquece naquele momento, precisa de céu estrelado enquanto o observa deitada no teu peito, precisa do brilho do luar nos olhos dela...
Acorda.
Acorda, sai daqui e faz um bom trabalho.
Não.
Não me agradeças.
Isto não é ajudar. É o outro lado das coisas...




Ruben Fonseca



28 de Agosto 2011

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