terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Não me diz respeito mas...

"Tenho frio..." disse-me ela com o seu olhar de quem queria muito o meu abraço.
"Anda cá! Ficas já quentinha..." Disse-lhe eu ao mesmo tempo que os meus dois braços a prendiam somente a mim.
"Estou bem melhor oh quentinho!" e sorriu.
"Bem melhor estou eu agora cubo de gelo." Sorriu ela novamente, tinha a facilidade de te fazer sorrir com uma simples frase o que era mágico porque não eras pessoa de andar sempre a sorrir.
"Sabes, isto vai durar bem mais do que tu pensas..." referiu ao mesmo tempo que me olhou nos olhos, eu aqui, aqui ficava sempre com um nervosismo na barriga e encantado pela tua pureza estar assim tão reflectida nos teus únicos olhos.
"Não vamos pensar nisso agora..." é verdade, eu fugia e fugi sempre a este tema, tinha bem encaixado que quando os dias fossem maiores que as noites eu, já andaria novamente com quem andava á alguns meses atrás. Tinha e tive medo de te dizer que era isso que se ia passar, eu gostava de ti, não te amava mas gostava de ti. O problema é que tu gostavas ainda mais de mim do que eu de ti.
"Tudo bem, só queria que tivesses consciência disso!" e agarrou-me no queixo.
"Eu tenho, eu tenho..." menti-te, quer dizer não foi bem mentir porque eu tinha conciência... de que aquilo não ia durar muito. Consideremos uma ocultação de um facto que para mim era certo.Não me sentia propriamente mal com o que se passava porque no fundo, tu estavas feliz eu não, mas tu sim e eu deixei andar.E então demos um beijo como tantos outros que foram dados e só me vinha a cabeça a música dos Coldplay "Trouble" quando ele canta "And I never meant to cause you trouble, I never meant to do you wrong..." mais tarde fizeram sentido mas naquele momento não.O beijo nao me soube bem, não trazias o amor que era costume nem eu o gosto que era habitual. Tive medo, ali, percebi que tu também como eu já sabias que aquilo iria ficar por ali. Pensei que demorasses mais tempo, sempre esperei pouco de ti e muitas vezes fui supreendido por ti.Liguei o carro que tanto gostavas e que consideravas confortável, o carro cujo foi alvo de tanta brincadeira, tanta conversa só nossa e muito nossa.Liguei o carro e fomos embora dali. Puseste o rádio mais baixo. O que se passa? Não é costume fazeres isto, é costume o contrário. O que se passa?
Foi então que no teu bom inglês me dizes." I can't keep being your second choice. Not when you are my first."
Aterrorizei-me ao descobrir que afinal tu já sabias o mesmo, como eu, que aquilo iria terminar mais cedo do que tu e só tu queria que acabasse.Depois do aterrorizado fiquei muito f*****, por tu saberes e não me teres dito nada, sem razão para ficar assim mas fiquei, f*****. Nós, homens, somos sempre assim, erramos mas empurramos sempre o erro para a mulher, talvez por ter uma imagem (enganadora) de um ser frágil. Em seguida a terceira não entrou, arranhou, arranhou e lá entrou e as tuas palavaras arranharam bem mais que a terceira acredita. Encostei o carro, pus os quatro piscas, desliguei o carro e só depois olhei para ti. Já choravas. Meu Deus, como fui capaz de te por assim, choravas e as lágrimas caiam sobre o teu rosto até serem dissolvidas no teu cachecol.
Eu bem queria falar mas nem sabia o que te dizer e depois da coragem me aparecer disse-te:"Não é por mim é por ti, não chores, eu não mereço nem uma lágrima tua pelo que te estou a fazer. Tenho muita pena acredita que tenhas descoberto tudo sozinha acredita." Viras-te a cara para a janela. Detestava quando o fazias e tu sabias bem disso.
"Chama-me estúpido, um parvo, homem sem coragem e um utilizador de bons coraçoes porque tens toda a razão. Agora por favor não chores."
Tornas-te a olhar para mim e dizes-me: " Mas eu Amo-te..." eu dei-te um abraço e disse-te: "Eu só gosto de ti, muito mas só gosto... Desculpa-me." E ficamos cerca de vinte minutos enrolados um no outro com lágrimas e silêncio em nosso redor.

Assim, quando os dias foram maiores que as noites estavamos nós com os nossos amigos e onde era suposto passarmos férias... Tu continuavas com o brilho nos olhos mas fundamentalmente olhavas como quem me dizia: "Fizeste-me e fazes-me feliz... Valeu a pena, acabou mas foi muito bom." eu continuava com o olhar de um muito obrigado por ainda estares do meu lado.

4 comentários:

Anónimo disse...

Dói, só em ler.
Muito bom.

Mauro Calado disse...

Obrigado.
O amor é assim, dói.
=D

Anónimo disse...

nao tens de te sentir mal :) nao tens culpa de o tempo nao te fazer crescer o sentimento. Existem muitas mulheres que gostavam de certo se na mesma situaçao ter um abraço e um "apara lagrimas" ;)

Mauro Calado disse...

Não me sinto mal.
Caso isso acontecesse nem escrevia tal coisa aqui.
Todos nós precisamos de um ombro amigo. Muitos tem amigos e não ombros. xD